23 de dezembro de 2013

Luna Mia by Camy Caroline

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O cantar das cigarras preenchia na floresta e chegava à barraca de Daniel como uma bela canção de ninar. O cansaço do homem era tanto... Ele passara o dia inteiro em caminhada pela floresta, só para chegar a aquele belo lago, onde seus pais diziam ter se conhecido. Uma coisa estranha, contando que aquele era um lugar extremamente isolado, mas ele preferia não pensar nisso. Portanto, descansou a cabeça no travesseiro improvisado, cobriu-se melhor com sua fina manta e tentou entregar-se ao sono. Poucos minutos depois, ele se deixou abraçar pelo mundo dos sonhos, mal sabendo o que acontecia ao redor de sua barraca.
Fora da barraca de Daniel, enquanto o mesmo dormia, a floresta ganhava vida, acordava para mais uma noite encantada.
As arvores balançavam levemente com o vento sereno da noite, os animais acordados, eram silenciosos ao se moverem.
A beira do lago, uma bela moça de pele morena e cabelos negros, cantava exaltando a lua, enquanto tirava seus pequenos e improvisados tecidos para a roupa, antes de banhar-se nas águas límpidas do lago, iluminada apenas pela brilhante e singela lua.
Enquanto se banhava, a moça cantava sua felicidade ao luar, cantando toda a sua beleza à meia noite daquele dia, seu aniversário de 21 anos.
Regia a lenda de seu povo que, se uma moça se mantivesse pura até seu 21º aniversário, ela deveria se banhar no lago onde a lua se banhava toda noite e, seu grande amor apareceria, tornando o momento em algo inesquecível.
A bela índia banhava-se, apreciando a sensação da água gelada conta sua pele quente.
Daniel foi acordado pela canção da bela moça. O som de sua doce voz, o encantava e era um bálsamo para sua alma, exausta pelos longos dias de trabalho.
O rapaz levantou-se, e saiu da barraca, em busca da bela voz que o encantava. E seus olhos encheram-se de brilho e beleza, no momento em que olhou para o lago e viu a índia banhando-se e cantando.
Caminhou lentamente até o lago. Um braço estendido à frente, boca entreaberta –em forma de espanto, para tão linda voz –, os pés descalços acariciando a grama. Seu corpo ansiava por sentir a água que a índia se banhava, assim como ansiava em sentir o corpo dela contra o seu.
Não eram os instintos de homem falando por Daniel, mas sim seus instintos de ser existente. Era algo mil vezes mais forte que o corpo, era a alma. A alma do advogado, de alguma forma, conhecia aquela mulher e a reclamava para si.
E inconscientemente, tirou a roupa, antes de entrar no lago, assustando a índia e fazendo-a parar de cantar.
-Quem é você? –perguntou a índia, assustando-se com o desconhecido homem que interrompera seu banho.
Daniel sorriu, perdido na profundidade dos olhos da índia, olhos brilhantes e misteriosos, assim como a lua cheia que embelezava o céu da noite.
-Sou quem você esperava. –disse o rapaz, em um ímpeto. Ele não sabia o motivo de ter dito aquilo, assim como não sabia de onde vinha o reconhecimento de tudo que o cercava no momento, mas ele não se importava. Tudo o que importava para ele, era o que o homem italiano dentro dele ganhava vida e seu peito se enchia de um sentimento puro, conforme ele ia se aproximando da índia.
A índia sorriu lindamente ao ouvir as palavras do desconhecido a sua frente. Ela olhou em seus olhos castanhos, reconhecendo ali, o homem que sempre esperou.
-Sou Luna. –disse desajeitada, aproximando-se ainda mais do rapaz.
-Luna mia, i tuoi occhi illuminano la mia notte, la mia vita* ... –as palavras que seu pai lhe ensinara ainda criança, saíram com naturalidade dos lábios de Daniel. Aquela frase, só deveria ser dita quando ele encontrasse um grande amor. Ele não sabia como, mas sentia que Luna era o seu amor.
-Per sempre. –Luna disse, antes de se aproximar ainda mais e abraçar o homem que ela tanto esperou.
1 ano depois...
O mesmo lago, a mesma floresta, exatamente o mesmo dia e hora e... nada!
Depois de conhecer Luna, eles amaram-se a luz do misterioso luar, consagrando seu amor de uma forma carnal. E depois, adormeceram na barraca de Daniel, prometendo um ao outro, nunca mais se deixarem, mas não foi o que aconteceu.
Ao acordar, Daniel viu-se sozinho, apenas com a lembrança da bela noite que passara com a moça.
Desde então, a cada lua cheia, ele ia ao lago, na esperança de encontrar seu amor... Encontrando apenas a silenciosa floresta.
Mas ele nunca deixava de ter esperanças e voltava na próxima lua cheia. Só que essas esperanças não durariam eternamente. A barraca que um dia fora aconchegante, agora inspirava solidão a Daniel.
Um choro cortou o silêncio do local, enchendo o coração do rapaz de esperanças. Ele saiu, ansioso por ver sua amada Luna e consolá-la, pegá-la em seus braços e acabar com oque lhe afligia, mas o que ele encontrou, foi algo completamente diferente do que esperava.
Uma criança. Uma frágil e bela criança, estava no chão terroso, embolada em meio a panos brancos e puídos, no caminho entre o lago e a barraca do homem apaixonado.
-Quem te deixou aqui? –Daniel perguntou para criança, como se ela realmente fosse responder.
O homem levou-a para sua barraca e a despiu dos panos sujos, com medo de que a criança, uma menina, pegasse alguma doença em meio a tanta sujeira.
Em meio aos panos, uma carta. A carta estava escrita à mão, em caligrafia cuidadosa, destina a... Destinada a ele!
Daniel pegou a menina nos braços e a embalou, antes de abrir a carta. Depois que a menina adormeceu, depositou-a em seu travesseiro improvisado e abriu a carta, a aproximou da face, com medo do que estava escrito.
“Querido Daniel, sinto por ter te deixado após nossa noite de amor. Sinto mesmo, mas meu povo clamava por mim...
Deixe-me explicar meu amor. Apenas abra a mente e, deixe que a magia dos índios preencha seu ser.
Naquela noite, depois que você adormeceu, um de meus irmãos apareceu no lago, desesperado. Ele estava a minha procura.
Acontece que minha tribo estava sendo atacada por uma tribo inimiga, e eu, como filha do Cacique, corria perigo, precisava fugir... E fui.
Voltei aqui na manhã seguinte a sua procura, mas nada encontrei além das marcas de seus passos, que iam em direção à cidade.
Eu voltava aqui toda manhã após a primeira lua cheia, mas nada encontrava... Na segunda lua cheia após nossa noite, eu tive uma bela notícia: eu estava grávida! Sim, grávida. Desta bela menina que deve estar contigo neste momento. Ela ainda não tem nome, pois eu queria que você, meu amor, tivesse o prazer de nomeá-la.
Peço desculpas por não estar aí com ela, mas ainda tinha algumas coisas da tribo para acertar antes de ir contigo, para onde quer que você vá. Foi por este motivo que deixei nossa filha com você, para que você soubesse que eu estou a caminho... Amanhã, assim que o sol se pôr, estarei aí contigo, no lago onde nosso amor foi consumado.
Para sempre sua, Luna”
O peito de Daniel se encheu de alegria no momento em que ele terminou de ler a carta. Uma filha? Ele não poderia imaginar tamanha felicidade!
Revirou a mochila apressado, em busca de uma roupa limpa para cobrir a menina, que dormia serena em seu travesseiro improvisado.
Serena...
Aquele nome ecoou dentro da cabeça do homem, enquanto ele pensava que aquele era um ótimo nome para dar para sua filha.
Assim que embalou a menina em suas roupas, ele pegou alguns mantimentos básicos, uma lanterna e o celular e saiu em disparada pela floresta escura, em direção à cidade.
Ele ansiava por chegar em sua casa e mostrar sua pequena filha aos pais, registrá-la e vesti-la decentemente, antes de voltar à floresta e buscar Luna, para levar para casa e construir uma vida feliz.
-Minha Serena, minha Luna... –Daniel disse, olhando para a lua e agradecendo internamente pelo dia em que ele tivera um rompante e saíra em busca do local onde seus pais haviam se conhecido, também consagrados pelo esplendor da lua cheia.
*Frase em italiano. Em uma tradução livre fica: Luna (lua) minha, teus olhos iluminam minha noite, minha vida...

2 comentários:

  1. Own, que coisa mais linda!! *o* Um conto encantador e emocionante. Estou apaixonada.
    Ameeeeeei demais, demais!!!
    Bjinhosss!!!

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  2. Amei, estarei aguardando proximo cap.bjs

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